Hoje realizamos a XV Romaria das
Cruzinhas. Esta tradição ligada ao catolicismo popular, em nossa região, tem
ligação com o trágico acontecimento do desaparecimento das crianças João e
Alexandrina (na Fazenda Lajedo - Porto da Folha – SE), no remoto ano de 1907.
Por ocasião da quaresma daquele ano
(época da safra de umbu), as crianças saíram na companhia de sua mãe até um
tanque, onde ela ia lavar roupa. Chegando ao local a mãe começou o seu trabalho
e deu permissão às crianças pra catar umbu ali por perto.
Como João e Alexandrina não
encontraram muitos frutos nos umbuzeiros próximos ao tanque, aos poucos foi se
distanciando da vista da mãe.
Passados bom tempo, a mãe lembrou-se
dos filhos e chamou por eles. Como não obteve resposta, começou a ficar aflita.
Abandonou os serviços e saiu à procura das crianças. Desnorteada não sabia por
onde começar a busca aos filhos. Após longo tempo de procura sem resultado, ao
encontrar uma pessoa a cavalo, pediu ajuda. O cavaleiro prometeu juntar mais
gente para vir em socorro dos meninos.
Segundo a narrativa tradicional que
ficou na memória popular da época relacionado ao desaparecimento das crianças,
o genitor delas teria ido à feira de Ribeirópolis vender peixe. Ao retornar a
sua casa logo soube do acontecido e se juntou ao grupo que saiu em várias
direções à procura dos inocentes.
Embora tenha sido feita intensa
busca, somente após três dias os meninos foram encontrados: Alexandrina já
estava morta e João ainda vivo tinha retirado a camisa e colocado no rosto
dela. Logo em seguida, João também faleceu.
No local onde aconteceu a morte das
crianças foram colocadas duas cruzes. Passado pouco tempo a população sertaneja
começou a se valer dos favores dos dois inocentes que morreram ali de uma
maneira tão trágica.
No local foi erguida uma pequena casa
de oração, dando origem a esta devoção popular aqui em nosso Alto sertão
sergipano. Em torno das Cruzinhas surgiu também um pequeno cemitério.
Por várias décadas do século XX a
devoção às Cruzinhas ficou restrita a um pequeno grupo. Por
inciativa de Eloy Santana, em 1974 o padre Leon Gregório, Vigário de Nossa
Senhora da Glória e Monte Alegre de Sergipe tomou conhecimento da existência da
veneração às Cruzinhas celebrando a primeira missa no local.
Quando o Padre João Nascimento chegou à Paróquia de Monte Alegre de
Sergipe, combinou com os devotos das Cruzinhas, para que o dia de São José (19
de março) ficasse como data fixa anual da celebração de missa naquela
capelinha.
O Padre Clóvis quando foi Vigário de
Monte Alegre de Sergipe celebrou apenas uma vez nas Cruzinhas.
Já em relação ao Padre Francisco,
quando Vigário de nossa Paróquia participou todos os anos da Romaria às
Cruzinhas.
Ao assumir a Paróquia de Monte Alegre
de Sergipe, o Padre Edmildon deu apoiou a esta Romaria indo celebrar anualmente
no dia 19 de março nessa localidade.
Frei Roberto Eufrásio de Oliveira,
missionário popular do Nordeste, por ocasião de missões populares em Monte
Alegre de Sergipe, tomando conhecimento da História das duas crianças, pediu
que as pessoas passassem a chamar João e Alexandrina: OS SANTOS INOCENTES DO
SERTÃO DE SERGIPE.
Padre Edinaldo, atual vigário de
Monte Alegre de Sergipe pela quarta vez está participando da Romaria às
Cruzinhas.
Comprovando o crescimento da adesão
popular à devoção às Cruzinhas, cada ano comparecem mais pessoas a esta
Romaria. E os devotos que são atendidos nos seus pedidos trazem ex-votos para
serem colocados dentro da capela em torno das cruzes de João e Alexandrina.
Fonte: Eloi Santana
Monte Alegre de Sergipe, 19 de
março de 2016